Por que respondemos NÃO à “proposta indecorosa”da Copel (e não vamos levá-la a assembleia)

Colega copeliano: os 17 sindicatos que representam você responderam NÃO à “proposta indecorosa” da Copel na mesa de negociações. Por isso, quando a direção envia um comunicado dizendo ser esta uma proposta final, está apenas tentando pressionar e amedrontar você.

É uma pena. Esperávamos, todos nós, mais respeito da Copel. É conhecido de todos que, numa negociação, os sindicatos têm a prerrogativa de rejeitar, na mesa, o que a empresa oferece. É assim que fazem os sindicatos que representam bancários, metalúrgicos e tantas outras categorias que conquistam seguidos aumentos reais. É assim que fizemos, em respeito a você.

Então, que fique claro – a bola está com a Copel. A “proposta final” já foi recusada. Não será levada a assembleias, porque não inclui o que todos os copelianos exigiram quando formularam a pauta de negociações: aumento real de salários.

É uma pena que, em vez de trabalhar para melhorar a proposta, a direção tente amedrontar e constranger seus empregados a aceitar o inaceitável. Mas a esperança, a união e a mobilização vencerão o medo.

E por que rejeitamos a proposta?

Porque, enquanto o representante da direção diz que “o cenário não se apresenta muito favorável, e não há condições para ganho real”, e o comunicado da empresa fala em “reflexão sobre as mudanças do Setor Elétrico Brasileiro decorrentes das novas regras federais”, o diretor de Relações com Investidores informou aos acionistas que a Copel não encontrou “impactos relevantes [das novas regras do setor elétrico] sobre nossas atividades”.

Ou seja – cenário ruim, só para nós, trabalhadores. Para acionistas, não. Muito menos para os diretores (os mesmos que nos pedem “reflexões”) ganharam deles mesmos um aumento de salários de 60% nos últimos dois anos.

Você quer seguir sendo tratado dessa forma pela Copel? Não. E é por isso que nós rejeitamos de cara essa oferta da Copel. Ela não irá a assembleia. O recado já foi dado à direção. Ou temos uma proposta melhor, ou haverá mobilização dos trabalhadores.

E a tática do medo não irá triunfar. Até porque, em carta aos sindicatos, a diretora de Gestão Corporativa se compromete a manter a data-base de 1.º de outubro para o ACT 2012/13. Confiamos na palavra dela. E ela pode acreditar na nossa. Quando dissemos NÃO, quisermos dizer exatamente isso: NÃO!

Por que a proposta da Copel é ruim?

Reajuste salarial: só inflação (5,58%). Enquanto isso, trabalhadores de outras empresas do setor elétrico tiveram aumentos reais na casa de 2%. Na Sanepar e Compagás, também houve ganho real de 2% (graças à mobilização de trabalhadores e entidades sindicais). Enquanto isso, a direção da Copel ganhou dela mesma aumento de 60% nos salários. Entre 2011 e 2012, a remuneração deles subiu 42,57%.

Abono: ao contrário de anos anteriores, a Copel agora diz que irá cobrar Imposto de Renda sobre o abono. Ou seja – até nisso há perdas. E, se nos últimos cinco anos a empresa tivesse aplicado o que gasta com abonos em aumentos reais, você poderia ter um ganho médio real anual de 3,14% (o cálculo é do Dieese). E aumento real você leva pra férias, FGTS, aposentadoria. Abono, não.

Vale-alimentação: ao contrário do que diz a empresa, não há ganho real, porque a inflação de alimentação e bebidas, em Curitiba, subiu 9,87% nos últimos 12 meses (acima, portanto, dos 9,6% reajustados pela empresa). A alimentação em casa subiu 10,25%, e fora do domicilio, 9%.

Auxílio-creche: mesmo com o reajuste de 8,2%, o benefício ainda está abaixo do custo médio da mensalidade de uma creche em Curitiba (R$ 648,68).

O que a Copel não conta: a “proposta final” da empresa inclui a implantação de um banco de horas, que os sindicatos rejeitaram na mesa de negociações. Por que o comunicado da direção se “esqueceu” de informar isso a você?